FIES - Estudantes endividados e donos de faculdades milionários
- Rodolpho Hoth Hoth
- 3 de set. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de set. de 2019
Se há algo que o FIES forma bem são devedores.
A operação Vagatomia, realizada pela Polícia Federal, no cumprimento de 77 mandados, prendeu nesta terça feira (3/9/2019), José Fernando da Costa, dono da Universidade Brasil, além de seu filho e outras 20 pessoas incluindo presidente e o vice do Fernandópolis Futebol Clube que foram indiciados pelos crimes de organização criminosa, falsidade ideológica, inserção de dados falsos em sistemas de informações e estelionato majorado, cujas penas somadas podem chegar a 30 anos de reclusão.
A Operação Vagatomia investiga esquema de fraude na concessão do Fies e também na comercialização de vagas e transferências de alunos do exterior, principalmente Paraguai e Bolívia, para o curso de medicina em Fernandópolis (SP). Após meses de investigação, a PF concluiu que o chefe da organização criminosa é o dono da universidade onde as fraudes aconteciam, que também ocupa o cargo de reitor.
A operação calcula que nos últimos cinco anos (herança petista), aproximadamente R$ 500 milhões do Fies e Prouni foram concedidos fraudulentamente e ainda a venda de vagas para o curso de medicina.

Vagatomia significa secção cirúrgica do nervo vago, empregada nos casos de úlceras.
Enquanto vários estudantes, muitos dos quais sequer concluíram seu curso superior, encontram-se com débitos que por vezes alcançam valores superiores a R$50MIL, donos de faculdades se enriquecem com recebimentos de verbas que deveriam custear os estudos de jovens carentes.
De acordo com dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), 59% dos 899.957 contratos em fase de consignação estavam com pelo menos um dia de atraso no pagamento em janeiro.
Isso significa que 3 em cada 5 estudantes que usaram o Fies para pagar a faculdade estão inadimplentes. A grande maioria (45%), por mais de 90 dias. A dívida acumulada por esses acordos já ultrapassa R$ 13 bilhões, um recorde na história do fundo, que está completando 20 anos de existência.

— Não recomendo o Fies para ninguém. Meu nome está sujo desde 2007 e não consigo fazer um acordo para pagar a dívida referente ao período em que usei o crédito estudantil — conta William Costa, em declaração feita à ABMES, sonhando recomeçar a graduação em Educação Física em 2020.
Fonte: FNDE e Abmes, com informações do R7
Rodolpho Hoth Hoth
Jornalista Reg.n.12674/DF
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