Sniper e o tiro que salva
- Rodolpho Hoth Hoth
- 21 de ago. de 2019
- 3 min de leitura
Perito em matar pessoas, seu objetivo é neutralizar as ameças levadas ao limite extremo.

"É um atirador de precisão, um profissional que atua dentro de um time tático para solução de crises, geralmente com reféns, mas também em outros tipos de situação. Nos casos que envolvam reféns, sempre é utilizado como alternativa tática, de acordo com o protocolo internacional" diz o especialista em Segurança Pública Paulo Storani, ex-capitão do Bope e consultor do filme Tropa de Elite.
Os Snipers podem atingir um alvo a 500 metros, embora sejam treinados para atuar a distâncias ainda maiores, na faixa de 800 metros a 1 km. O padrão da instrução é o mesmo adotado pelas Forças Armadas na formação de seus snipers, e teria sido aperfeiçoado durante a intervenção federal na segurança do Rio, processo que durou pouco menos de um ano e terminou há sete meses, em dezembro de 2018.
A meta do Sniper é atingir uma moeda a 100 metros de distância. O efeito dessa capacidade é "provocar a imobilidade, impedindo a reação nervosa espontânea do dedo no gatilho da arma apontada para um refém, ou da mão que segura o disparador de uma bomba", segundo um militar do Centro de Instrução de Operações Especiais do Exército, em Niterói.
Foi a ação de um sniper, atirador de elite profissional, posicionado em cima de um caminhão de bombeiro, que encerrou o sequestro do ônibus da viação Galo Branco, que faz a linha Alcântara x Estácio, em percurso pela ponte Rio-Niterói na manhã de ontem (20/08/2019). Após 4 horas de duração, o sequestro acabou quando o sequestrador, Willian Augusto, foi baleado por um atirador de elite.
A motivação do sequestro é desconhecida, vítimas relatam frases de impacto ditas pelo sequestrador como "Vocês lembram do filme 174?", referindo-se ao filme que revive sequestro à ônibus ocorrido no Rio de Janeiro no ano 2000. "Eu quero entrar para a história", disse sequestrador aos reféns de ônibus.
"Ele perguntou se a gente lembrava do filme 174, e falou que seria algo parecido. Ele dizia que queria parar o estado", disse a vítima, Rafaela Gama, recepcionista de 20 anos, após prestar depoimento na Delegacia de Homicídios de Niterói.
Morador de São Gonçalo (região metropolitana do Rio), o criminoso não tinha antecedentes criminais, segundo informou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Ele estaria em surto durante o sequestro e apresentava perfil psicótico.
Paulo Storani, afirmou à UOL que as forças policiais "chegaram à conclusão de que a alternativa seria manter a negociação, mas que, caso houvesse oportunidade de atirar sem gerar riscos às vítimas, o atirador poderia fazê-lo".
Após ser atingido, Willian foi socorrido ao Hospital Municipal Souza Aguiar por volta das 9h30 da manhã desta terça-feira. Acompanhado de dois paramédicos, Willian estava numa maca, coberto por uma manta térmica e com um balão de ar. Segundo o sargento M Pontes, o homem chegou vivo ao hospital, mas a secretaria de saúde confirmou a morte minutos depois.
Delegado da Polícia Civil no estado do Rio, Orlando Zaccone diz: "Pelo o que temos até agora não dá para dizer que a ação foi dentro ou fora dos limites da lei. O objetivo é um desfecho sem vítima. A ideia é negociar uma rendição, e não eliminar o sequestrador." A ação, entretanto, vitimou o sequestrador e gerou um debate controverso entre especialista da área de segurança. Em defesa da ação adotada, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, afirmou hoje que a Polícia Militar decidiu atirar contra Willian Augusto da Silva, porque ele "estava com isqueiro na mão no momento em que foi abatido, pronto para incendiar" o ônibus.
Witzel, que aparece em vídeo comemorando a ação enquanto desce de um helicóptero, declarou: "Não pude me conter de estar feliz ao ver que aquelas pessoas iam voltar para casa", os 39 reféns saíram ilesos.
Por meio do Twitter, o Presidente Jair Messias Bolsonaro parabenizou a ação dos policiais do Rio de Janeiro:

E você, concorda como a decisão tomada pelo gerenciador de crise que autorizou abater o sequestrador? Deixe seu comentário.
Rodolpho Hoth Hoth
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